Patricia Leite apresenta: “Paisagem de Lenda” na Thomas Dane Gallery, Londres

Como muitas crianças brasileiras, Patricia Leite (n. 1955, Belo Horizonte, Brasil) cresceu ouvindo as lendas do povo indígena Tupi-Guarani. Essas histórias estão enraizadas nas paisagens do Brasil, onde os deuses residem no sol, na lua, na floresta, no mar, nas estrelas e nas montanhas, transformando essas características da paisagem em personagens principais que a jovem Leite passou a usar para moldar seu próprio mundo e imaginação.

Para a Paisagem de Lenda, sua segunda exposição na Thomas Dane Gallery em Londres, Leite apresenta um grupo de novas pinturas e um tapete baseado no chão que invoca essas histórias indígenas, profundamente ligadas à paisagem e à ecologia do Brasil. Nesse momento em que esses ambientes naturais estão sendo erodidos pelas mudanças climáticas, pela indústria, pela extração e pelas políticas destrutivas de governos negligentes, Leite cria um trabalho que reflete sobre o que será perdido e faz uma celebração melancólica do que ainda resta.

O trabalho de Leite é impregnado de histórias e memórias de sua vida: suas lembranças de viagens e de amizades. Conforme você é conduzido pelo estúdio, Leite costuma se referir a cada pintura em progresso, antes de ter um título, pela fonte da imagem de referência do ponto de partida do trabalho, cada uma com uma história de origem própria: “o mar, de meu filho” ou “as árvores, de meu amigo.” Sua metodologia um tanto peculiar de usar imagens preexistentes para criar sua obra – às vezes processadas, sempre modificadas, expandidas e elaboradas com memória e imaginação – significa que a imagem é remontada na superfície de madeira. O resultado é uma qualidade estranha e artificial, totalmente removida da fonte. O curador e escritor Rodrigo Moura descreve essa e a resultante “qualidade icônica” como uma das características definidoras da obra de Leite.

Trabalhando com o fabricante de tapeçaria uruguaio Jorge Francisco Soto, baseado em São Paulo, Leite apresenta uma peça central da exposição: as vitórias-régias, símbolos da Amazônia, em um tapete intricado disposto no chão. Mumuru (por Burle Marx) (2024) tem forma de corpo d’água e está repleto de vitórias-régias e flores tecidas, inspiradas na origem do Mumuru (Vitória Regia, ou vitória-régia).

A “Paisagem de Lenda” estará acompanhada de uma publicação da Thomas Dane Gallery, incluindo um novo texto do curador José Augusto Ribeiro em inglês e em português. Patricia Leite vive e trabalha em São Paulo. Ela tem sido destaque em várias exposições.

Suas obras estão em várias coleções permanentes, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Fiorucci Art Trust, Londres, Inglaterra; Thyssen-Bornemisza Art Contemporary, Viena, Áustria; Cranford Collection, Londres, Inglaterra; Loewe Collection, Madri, Espanha; e Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brasil.

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