A Netflix lança hoje um documentário que nos leva aos bastidores da estreia londrina da peça inspirada na série “Stranger Things”. Conseguirá o thriller de terror funcionar no teatro? O desafio era enorme e, em 2023, com a quinta temporada da série ainda por estrear, o público do West End londrino, no Phoenix Theatre, testemunhou esta adaptação audaciosa.
“Nos Bastidores de Stranger Things: A Primeira Sombra” oferece um olhar inédito sobre o intrincado processo de trazer o mundo de Hawkins, Indiana, para os palcos. O documentário acompanha meticulosamente a evolução da peça, desde a sua conceção inicial e escrita do guião até à tão aguardada estreia no prestigiado West End de Londres. Os espectadores terão acesso a imagens de vídeo exclusivas e nunca antes vistas, bem como a entrevistas intimistas com o elenco e a visionária equipa criativa que trabalhou incansavelmente para dar vida a esta prequela. O realizador Jon Halperin, conhecido pelo seu trabalho em “A Trip to Infinity”, guia-nos nesta exploração dos bastidores. O documentário é produzido por Angus Wall, Kent Kubena e Terry Leonard, com Matt Bell como produtor executivo.
A ênfase do documentário na produção do West End, mesmo com a posterior estreia da peça na Broadway, indica o significativo impacto e aclamação crítica da representação inicial em Londres. E adiantamos já: foi um enorme sucesso em Londres, como evidenciam os seus três prémios Olivier.

A Origem da Peça
A peça surgiu de uma ideia fascinante concebida pelos criadores da aclamada série da Netflix, Matt e Ross Duffer, em colaboração com Jack Thorne e Kate Trefry. O complexo guião da peça foi escrito por Kate Trefry, que também é argumentista e coprodutora executiva de “Stranger Things”. A narrativa desenrola-se no familiar, mas mais antigo, cenário de Hawkins, Indiana, mais precisamente no ano de 1959, muito antes das aventuras de Mike, Eleven e os seus amigos que o público conhece. No seu âmago, a peça aprofunda a história da chegada da família Creel a Hawkins e centra-se especialmente nos anos de formação de Henry Creel, a personagem que viria a tornar-se o terrífico vilão conhecido como Vecna na série principal. Segundo os irmãos Duffer, esta peça de teatro serve como história de origem fundamental de toda a saga “Stranger Things”, incluindo os primórdios do misterioso e ameaçador Mundo Invertido. A participação dos criadores originais, juntamente com argumentistas consumados como Jack Thorne, conhecido pelo seu trabalho em “Harry Potter e a Criança Amaldiçoada”, e Kate Trefry, demonstra um esforço conjunto para garantir que a prequela se alinha perfeitamente com a mitologia estabelecida de “Stranger Things”, ao mesmo tempo que introduz novos elementos teatrais. Esta combinação de experiência televisiva e teatral desempenhou, provavelmente, um papel importante no sucesso da peça.
Do Guião ao Palco
A produção teatral ganha vida sob a direção de Stephen Daldry, três vezes vencedor do prémio Tony, com Justin Martin como codiretor. A equipa criativa responsável pela paisagem visual e auditiva do palco inclui a cenógrafa Miriam Buether, a figurinista Brigitte Reiffenstuel, o designer de iluminação Jon Clark, o designer de som Paul Arditti e o compositor de música original D.J. Walde.
O elenco conta com Louis McCartney, que assume o papel fundamental do jovem Henry Creel tanto nas produções do West End como nas da Broadway. Outros membros notáveis do elenco interpretam versões mais jovens de personagens adoradas, como Burke Swanson como James Hopper Jr., Alison Jaye como Joyce Maldonado e Juan Carlos como Bob Newby. A peça caracteriza-se pelos seus elaborados cenários, deslumbrantes efeitos visuais e cenas meticulosamente coreografadas, tudo contribuindo para uma experiência teatral imersiva. A participação de um diretor da craveira de Stephen Daldry evidencia as elevadas aspirações artísticas da peça. A sua vasta experiência, tanto em teatro como em cinema, proporcionou, provavelmente, uma lente única para fundir as qualidades cinematográficas de “Stranger Things” com as distintas exigências da representação ao vivo. Este nível de experiência na direção acrescenta um peso significativo à credibilidade da produção e aumenta a expetativa tanto pela peça como pelo documentário.
Sobre o Documentário
“Nos Bastidores de Stranger Things: A Primeira Sombra” é fascinante para os amantes do teatro, sejam fãs da série original ou não. O documentário pretende dar-nos a conhecer os pormenores de como se cria uma peça de teatro, desde o momento da produção, do guião, às primeiras leituras, os primeiros ensaios, os ensaios com público e a inclusão dos efeitos.
Neste caso, era ainda mais complicado, porque se tratava de um género que não se costumava ver representado em teatro: será que é possível produzir terror num palco? Este era o desafio de todos estes profissionais que deram o seu melhor para produzir um sucesso teatral e que funcionasse junto do público.
Se já assistiram a alguma peça no West End, já sabem: agora são espetaculares, cheias de luz, de efeitos e com ritmo, apelativas e uma verdadeira experiência para o espectador. A peça sobre “Stranger Things” competia com a espetacularidade de tantas outras e, ao mesmo tempo, tinha de agradar aos fãs da série.
Uma prequela em forma de peça de teatro que viu a luz do dia em 2023 e que agora nos chega em forma de documentário sobre o seu processo de criação.
Que desfrutem!
Onde assistir “Nos Bastidores de Stranger Things: A Primeira Sombra”