Realizado por Bobby Boermans, conhecido pelo seu trabalho em séries policiais como “The Golden Hour” e “Mocro Maffia”, “¡Hostage” mergulha o espectador numa recriação angustiante do sequestro que paralisou a praça Leidseplein, em Amesterdão.
Um thriller tenso, daqueles que se desenrolam em poucas horas e que concentram toda a sua força na montagem e no ritmo: um guião sólido que analisa todos os pontos de vista da situação e que se move com agilidade no género.
Entretenido, ágil e com uma boa produção. Um daqueles filmes perfeitos para uma noite de sexta-feira.
O Caso Real de Amesterdão
Um homem de 27 anos, identificado como Abdel Rahman Akkad, vestido com roupas de camuflagem e armado com várias armas de fogo, entrou na movimentada loja da Apple na praça Leidseplein, em Amesterdão. Akkad, alegadamente funcionário de uma cadeia de supermercados que utilizou o seu camião de trabalho para chegar ao local, agravou rapidamente a situação, disparando e afirmando que trazia um colete alegadamente com uma bomba.
Enquanto muitos clientes e funcionários conseguiam escapar ou esconder-se, Akkad fez várias pessoas reféns, selecionando um homem búlgaro de 44 anos como o seu principal cativo. Durante cinco angustiantes horas, a cidade prendeu a respiração enquanto a polícia cercava o edifício. Akkad exigiu a espantosa quantia de 200 milhões de euros em criptomoedas e um salvo-conduto para sair da cidade.
O confronto atingiu o seu clímax quando o refém búlgaro conseguiu escapar. Akkad perseguiu-o brevemente para fora da loja, mas a polícia interveio com decisão e atropelou o agressor com um veículo blindado. Akkad viria a falecer no dia seguinte no hospital, devido aos seus ferimentos. O chefe da polícia holandesa, Frank Paauw, elogiou posteriormente a bravura do homem búlgaro.
Dentro de “¡Hostage”: Trama, Perspetivas e Tensão Angustiante
“¡Hostage” traduz este drama do mundo real numa experiência cinematográfica de apenas hora e meia. A trama segue Ilian (interpretado por Admir Šehović), um búlgaro que visita Amesterdão por trabalho e se encontra no lugar errado no momento errado. Entra na loja da Apple no exato momento em que o homem armado (Soufiane Moussouli) inicia o assalto, tornando-se rapidamente o principal refém.
O filme é contado numa realidade múltipla que consegue traduzir os vários ângulos a partir dos quais o assalto é visto: os acontecimentos são mostrados não só do aterrorizante ponto de vista de Ilian, mas também através dos olhos do atacante, cada vez mais desesperado, de outros reféns escondidos na loja e da polícia, incluindo a negociadora Lynn (Loes Haverkort), que trabalha freneticamente no exterior para acalmar a crise.
Um aspeto que nos agradou é que o filme, apesar de ser baseado num facto real, não tenta ir para o lado documental: é puro ritmo, ação e está muito bem construído a nível cinematográfico, procurando em todos os momentos a tensão dos acontecimentos, recriando personagens e procurando a essência ágil do thriller de reféns mais clássico.
“¡Hostage” é também um filme clássico que procura cingir-se ao género e, sem inventar nada, entreter e divertir, oferecer um espetáculo de ritmo cinematográfico e tornar-se, finalmente, um thriller que deixa um bom sabor na boca, sem chegar a impactar ou a deixar uma sensação de grande filme.
Cumpre a sua função e fá-lo com uma boa produção e um bom trabalho a nível técnico e de realização.
Isso sim, sem arriscar nem trazer nada que já não tenhamos visto antes.
Que desfrutem.
Onde assistir “¡Hostage”