A David Gill Gallery de Londres interroga a biofilia contemporânea na exposição ‘New Nature’

12 de Dezembro de 2025, 04:43
JEWELLERY | 'NEW NATURE'
An exhibition of fine jewellery curated by Carol Woolton
JEWELLERY | 'NEW NATURE' An exhibition of fine jewellery curated by Carol Woolton

A David Gill Gallery anunciou New Nature, uma futura exposição coletiva de alta joalharia com curadoria da autora e historiadora Carol Woolton. Através do trabalho de sete designers internacionais, a apresentação explora a diversidade do design atual, postulando que a interpretação artística da natureza está indissociavelmente ligada às mutações tecnológicas, artísticas e ambientais da nossa era.

O enquadramento curatorial aborda o conceito de “nova natureza” num contexto de eco-ansiedade global. Woolton sugere que, embora o design biofílico tenha historicamente servido para enriquecer as artes decorativas, o foco moderno deslocou-se da apropriação de flores exóticas de estufa para uma apreciação protecionista da flora humilde e autóctone. Esta transição é evidente na obra do artista britânico Christopher Thompson Royds, que eleva elementos botânicos de sebes, como trevos e amentilhos — frequentemente negligenciados e considerados ervas daninhas —, reproduzindo-os em prata e bronze, desafiando assim as hierarquias tradicionais de valor na alta joalharia.

Uma parte significativa da exposição dedica-se à inovação material e à subversão das técnicas clássicas. O artista romano Maurizio Fioravanti, autodidata, revitaliza a antiga tradição do micromosaico, fundindo este ofício histórico com materiais de vanguarda. Os seus brincos “Cage”, por exemplo, incrustam preciosos micromosaicos em asas de porcelana montadas sobre estruturas leves de zircónio, criando uma síntese entre a antiguidade e a engenharia moderna. De forma semelhante, Fabio Salini, também radicado em Roma, recorre à sua formação em ciências geológicas para introduzir elementos não tradicionais, como fibra de carbono, couro e palha no seu trabalho de atelier, adotando uma abordagem conceptual que questiona as normas estabelecidas do luxo.

A exposição justapõe também o rigor arquitetónico à fluidez narrativa. A arquiteta e designer libanesa sediada no Reino Unido, Dina Kamal, aplica princípios de proporção, contexto e estrutura às suas joias, procurando um equilíbrio entre a estabilidade arquitetónica e a forma sensual, como se verifica nos seus anéis “fish-tail” em ouro fosco. Em contraste, Michelle Ong, cofundadora da casa de Hong Kong Carnet, utiliza a narrativa e a filosofia chinesa para explorar as cinco fases da natureza: madeira, fogo, terra, metal e água. Os seus contributos caracterizam-se pelo biomimetismo e pela precisão técnica, exemplificados por asas de borboleta em renda de diamantes que articulam temas de leveza que desafiam a gravidade.

Aprofundando a arte das texturas, o designer norte-americano Mish Tworkowski apresenta obras inspiradas na horticultura, utilizando o ouro para replicar as superfícies irregulares da casca de árvores e galhos observados no norte do estado de Nova Iorque. A galeria apresenta ainda o estreante Philippe Vourc’h, baseado em Paris, cuja coleção de estreia “Lobe” foca na abstração de momentos efémeros, caracterizada por uma elegância sofisticada e intemporal.

Francis Sultana, CEO da David Gill Gallery, situa esta exposição no contexto histórico mais amplo da galeria, notando um legado na apresentação de objets de désir que abrange desde a exposição 50 Years of Fashion em 1987 até mostras contemporâneas de artistas como Line Vautrin e Michele Oka Doner.

New Nature estará patente na David Gill Gallery, situada na 2-4 King Street em Londres, de 14 de novembro a 22 de dezembro de 2025.

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