O Museu Nacional de Arte, Arquitetura e Design da Noruega apresenta uma exposição multidisciplinar que mergulha nas origens e na evolução da Nova Cozinha Nórdica, analisando como esta se transformou num fenómeno cultural de alcance mundial. A mostra investiga o diálogo entre este movimento gastronómico e desenvolvimentos semelhantes na arquitetura, design, artesanato, fotografia e arte.
Com raízes nos ingredientes locais, nas paisagens e nas tradições nórdicas, a Nova Cozinha Nórdica desenvolveu, ao longo das últimas duas décadas, uma estética distinta, hoje reconhecida globalmente e considerada uma das mais significativas exportações culturais da região. A exposição traça este percurso através de mais de 500 obras de arte, fotografias e objetos.

Entre as peças expostas encontram-se empréstimos de conceituados restaurantes nórdicos, bem como trabalhos de artistas modernos e contemporâneos como Olafur Eliasson, Pentti Kaskipuro e Edvard Munch. Muitos destes itens pertencem à coleção do próprio museu, contextualizando o movimento contemporâneo numa perspetiva histórica mais ampla.
A iniciativa recorda o manifesto de 10 pontos publicado em 2004 por um grupo de chefs, que defendia uma abordagem contextual e localizada à gastronomia. A ênfase na importância das tradições locais e no uso de ingredientes naturais e sazonais, moldados pelo clima, água e solo da região, desencadeou uma mudança global não apenas nas práticas culinárias, mas também no envolvimento com a cultura, o lugar e a identidade.
A exposição destaca como os princípios da Nova Cozinha Nórdica inspiraram novas tendências criativas e artísticas, frequentemente utilizando materiais naturais como pele de animal, madeira não tratada, tecidos crus, papel e decorações à base de plantas. Podem ser vistos objetos artesanais e loiça de restaurantes noruegueses com estrelas Michelin, como Kontrast, Maaemo e RE-NAA, Fäviken na Suécia, Kadeau na Dinamarca e Koks nas Ilhas Faroé. Exemplos incluem peças de cerâmica de Sissel Wathne que usam um vidrado feito de ossos de rena moídos para o Restaurante Credo, ou um menu artesanal com a forma da primeira edição do romance “Fome” de Knut Hamsun, do restaurante Ylajali. Modelos arquitetónicos e fotografias de ateliers como o norueguês Jensen & Skodvin, conhecido por projetos que dialogam com a paisagem circundante, também marcam presença.

Obras de arte contemporâneas, como a “Fault Series” (2001) de Olafur Eliasson, que capta as mudanças tectónicas nas paisagens islandesas, ou as naturezas-mortas de Benjamin Alexander Huseby sobre espécies “nativas” e “invasoras”, dialogam com pinturas paisagísticas norueguesas do século XIX de Johannes Flintoe e Hans Gude, peças de porcelana baseadas no levantamento botânico “Flora Danica” (c. 1800) e pinturas vitalistas de Edvard Munch. Juntas, estas obras ligam o ethos da Nova Cozinha Nórdica a uma linhagem mais longa na arte nórdica de observar, expressar e representar a natureza.
Pela primeira vez, o museu estende a exposição para além das suas paredes com um pavilhão imersivo, encomendado especificamente para a praça exterior. Projetado pelo atelier de arquitetura Dyvik Kahlen e pelos arquitetos paisagistas SLA, o pavilhão, construído principalmente em abeto e com plantas nativas de Oslo no telhado, dará vida ao espírito da Nova Cozinha Nórdica através de um programa vibrante de eventos recreativos e educativos, incluindo uma cozinha funcional, lareira e adega para fermentação. Ao longo do verão, acolherá chefs convidados, palestras, workshops e refeições comunitárias, refletindo tendências como a recolha de alimentos silvestres (foraging), a jardinagem urbana e a cozinha ao ar livre.
“A Nova Cozinha Nórdica não se desenvolveu no vácuo, mas talvez tenha apresentado a expressão mais clara de um anseio mais amplo pela natureza e autenticidade no nosso tempo”, afirma Martin Braathen, Curador Sénior do Museu Nacional. “A oposição do movimento à agricultura e produção alimentar industrial, juntamente com a promoção de produtores locais e de pequena escala, teve grande apelo (…) Esta atitude espalhou-se para outras disciplinas como um ethos e uma estética.”
A exposição será acompanhada por uma nova publicação do Museu Nacional, “A New Nordic A to Z”, e uma versão da mostra viajará para o National Nordic Museum em Seattle, com inauguração prevista para novembro de 2025.
A exposição “New Nordic. Cuisine, Aesthetics and Place” estará patente no Museu Nacional de Arte, Arquitetura e Design, em Oslo, Noruega, de 23 de maio a 14 de setembro de 2025.
