Black Mirror Pessoas comuns
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“Pessoas comuns” – Black Mirror Temporada 7 Episódio 1

10/04/2025 4:57 AM EDT

A aclamada série de Charlie Brooker regressa para a sua sétima temporada com este episódio intitulado “Pessoas comuns”, uma análise crítica aos custos exorbitantes que as inovações tecnológicas acarretam no nosso dia a dia.  

Com Chris O’Dowd e Rashida Jones nos papéis principais, a série retoma o tom mais sombrio que caracterizou a sua primeira temporada. Será que o estilo mais leve das temporadas anteriores ficou para trás?  

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O Enredo

A narrativa centra-se em Amanda (Rashida Jones), uma professora, e no seu marido Mike (Chris O’Dowd), um casal da classe trabalhadora que enfrenta o inimaginável quando Amanda é diagnosticada com um tumor cerebral terminal.  

Numa tentativa desesperada de salvar a esposa, Mike depara-se com uma solução aparentemente milagrosa, mas eticamente controversa: Rivermind, um procedimento experimental que oferece a possibilidade de criar uma cópia digital do cérebro de Amanda, permitindo-lhe continuar a viver através de um serviço de assinatura.  

Apesar de a operação em si ser gratuita, a mensalidade de 300 dólares para manter ativa a consciência digital de Amanda representa um fardo considerável para as suas já limitadas finanças.  

Uma observação pertinente aponta que o elenco de atores conhecidos, como Jones e O’Dowd, embora ofereça interpretações sólidas, pode diminuir a identificação com o tema da “gente comum”. Esta crítica levanta uma questão interessante sobre a forma como os meios de comunicação retratam frequentemente as dificuldades da classe trabalhadora através de uma lente familiar, mas talvez menos autêntica.  

À medida que a narrativa se desenrola, o verdadeiro custo deste “salva-vidas” tecnológico torna-se dolorosamente evidente. A assinatura inicial impõe limitações severas à existência de Amanda: impossibilidade de viajar para além de um determinado raio sem entrar em coma, e um sono que deixa de ser reparador, uma vez que o seu cérebro é utilizado como servidor para as operações da Rivermind. A situação deteriora-se ainda mais com a introdução de anúncios intrusivos que Amanda recita involuntariamente, comprometendo o seu emprego como professora. Para escapar a estas limitações e recuperar uma aparência de normalidade, é necessário fazer um upgrade para planos mais caros, como o Rivermind+ e o Rivermind Lux. Esta estrutura de serviço escalonada, com custos crescentes e uma qualidade de vida cada vez pior no plano básico, funciona como uma sátira mordaz da economia de assinatura, refletindo as táticas utilizadas por muitas empresas onde as funcionalidades essenciais são frequentemente bloqueadas por “muros de pagamento” mais elevados.  

Sobre o Episódio: Autocrítica? Uma Piscadela Final de Brooker à Netflix?  

O paralelismo com o modelo de serviço da Netflix é explicitamente observado numa análise. Mera coincidência? Não parece. Há demasiados rumores sobre o fim da série e, tal como aconteceu em temporadas anteriores, nem mesmo a Netflix escapa às críticas de Brooker.  

“Pessoas comuns” é um bom episódio que retoma as fórmulas iniciais da série, com uma piscadela ao primeiro episódio da primeira temporada (aquele do rapto que tanto deu que falar).  

Não há grandes efeitos especiais neste episódio, nem as inovações tecnológicas são exibidas de forma explícita. É um episódio que se centra mais nas pessoas comuns, nos trabalhadores que não têm qualquer ligação com os centros tecnológicos, preferindo focar-se neles e construir uma narrativa em torno do seu modo de vida.  

A crítica é evidente, direta. “Pessoas comuns” não recorre a metáforas, e tudo aqui é claro, talvez demasiado direto: a tecnologia, de certa forma, também nos retira demasiada naturalidade. Vale a pena pagar o preço? Estaremos a vender as nossas almas? A tecnologia está reservada apenas às classes privilegiadas? Seremos capazes de suportar o custo de toda esta tecnologia?  

Um bom começo para esta nova temporada que, como sempre, se antevê emocionante.

Onde assistir “Pessoas comuns”

Netflix

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